quinta-feira, 4 de junho de 2009

Entrevista


A reportagem especial desta edição aborda uma teoria que vem sendo defendida por profissionais de vários países: a existência de crianças índigo. Seriam crianças dotadas de um potencial de inteligência e sensibilidade superior à média, e uma das características delas seria a inquietação e, aparentemente, a desatenção, o que faz com que, equivocadamente sejam rotuladas de hiperativas. Nesta entrevista, o neurologista e psicanalista Aldorico Bianco fala sobre o transtorno de atenção e déficit de hiperatividade motora ou hiperatividade, conhecido como TDAH. Ele diz que os teóricos que defendem a existência de índigos têm uma visão filosófica, sem base científica e que, aos olhos da medicina, a hiperativa é também uma criança inteligente, mas que essa hiperatividade atrapalha a educação, o aprendizado. "Existe um prejuízo para saúde dessas crianças", alerta. Daí a necessidade se fazer um diagnóstico muito bem feito, obedecendo a critérios científicos.

Expressão: Existem teóricos que acreditam em uma teoria sobre as crianças índigo e que elas teriam sintomas parecidos com os da hiperatividade.
Aldorico: Esses teóricos têm uma visão filosófica, sem bases científicas. Por isso, é delicado falar sobre este assunto. O que dá para entender é que as crianças índigos seriam crianças privilegiadas. São crianças com o coeficiente de inteligência alto. Praticamente dentro de um desenvolvimento já precoce, bem espiritualizado. Agora, aos olhos da medicina, a criança que tem o transtorno do déficit de atenção da hiperatividade é também uma criança inteligente. Porém, essa hiperatividade e o desvio da atenção da qual são portadoras, atrapalham a educação, o aprendizado. Existe um prejuízo para saúde delas. Daí a necessidade se fazer um diagnóstico muito bem feito, obedecendo a critérios científicos, neuropsiquiátricos e realmente uma avaliação multidisciplinar, para avaliar, inclusive, a participação da família, pois essas informações são muito importantes porque acompanham a criança desde os primeiros sintomas, que seriam iniciados no berço. E também obedecendo alguns protocolos que permitem a gente identificar a criança com o transtorno da atenção do déficit de atenção. Existem crianças, por exemplo, que têm esse comportamento e não têm as características do TDAH. Quando fazemos o diagnóstico desse transtorno, sempre procuramos ver se a criança se encaixa dentro dos protocolos que permitem chegar ao diagnóstico final.

Expressão: E quais seriam esses protocolos?
Aldorico: Primeiramente, não existe um transtorno com todas as características. Enumeramos as características, e a criança precisa ter uma pontuação dentro de um score, que faz parte deste interrogatório. E dentro mesmo das crianças hiperativas, existem pelo menos três tipos diferenciais.

Expressão: Quais são?
Aldorico: O primeiro tipo é o predominantemente hiperativo impulsivo, a segunda forma, a predominantemente desatenta, e o terceiro tipo é a forma combinada.Quando a gente fala predominantemente, é porque existem também sintomas de desatenção na forma hiperativa e sintomas de hiperatividade na forma desatenta. Porém, não são os mais importantes. Sempre vai predominar uma característica sobre a outra, o que não descaracteriza a síndrome. Na forma hiperativa impulsiva, nós obedecemos aos seguintes critérios para fazer o diagnóstico, que seria o protocolo: essas crianças são caracterizadas por estar sempre movendo os braços e as pernas incessantemente quando estão sentadas, possuem dificuldade de ficar sentada em situações onde espera-se esse comportamento, por exemplo, na sala de aula, numa mesa de jantar, numa igreja, numa solenidade onde precisam ficar quietas. São crianças que correm ou sobem em objetos freqüentemente em situações inapropriadas. Por exemplo, sobem e descem escadas, sobem na árvore de Natal, coisas absurdas. Têm dificuldade de se manter em atividades como jogos, brincadeiras.

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